Publicado em 11/03/2010
O crisoberilo é um mineral relativamente raro, sendo encontrado tipicamente em pegmatitos (figura 3), micaxistos e em depósitos secundários (residuais - originados na dependência da meteorização, ou em placers
(figura 4) - resultantes da erosão, transporte e acumulação de minerais de depósitos pré-existentes).
Depósitos pegmatíticos
Mesmo no domínio dos pegmatitos graníticos, o crisoberilo é um mineral bastante raro, associando-se frequentemente ao berilo e à fenacite. Os pegmatitos com crisoberilo encontram-se, frequentemente, instalados em domínios metamórficos correspondentes a micaxistos com elevado grau de metamorfismo ou intersectando rochas ultrabásicas. No primeiro, o crisoberilo ocorre no interior dos corpos pegmatíticos ou nas rochas encaixantes; no segundo, surge em orlas de reacção no contacto com as formações ultrabásicas.
As condições de formação do crisoberilo, relativamente ao berilo, exigem ambientes com muito maior concentração de alumina (Al2O3), ou seja, o crisoberilo forma-se tipicamente em pegmatitos peraluminosos (gerados por contaminação ou dessilicificação).
Estudos experimentais mostraram que a reacção:
berilo + 2 silimanite = 3 crisoberilo + 8 quartzo
só se desloca para a direita em condições de altas pressões e temperaturas (no campo da silimanite), indicando assim, condições de formação muito específicas para os pegmatitos com crisoberilo.
Fig. 3 - Pegmatito zonado - as zonas internas traduzem diferentes etapas da cristalização do corpo. Rocha encaixante - cinzento mais escuro na parte externa.
Depósitos não pegmatíticos
Para além das jazidas pegmatíticas dessilicatadas, o crisoberilo ocorre em depósitos hidrotermais de temperatura média, na dependência de rochas granitóides ou de rochas sieníticas (Smirnov, 1977), encaixadas em domínios de rochas aluminossilicatadas com intercalações carbonatadas.
Das características próprias deste tipo de ocorrências destacamos a clara associação com falhas regionais e geneticamente relacionadas com maciços granitóides ou sieníticos, com dimensões reduzidas, correspondentes a etapas evolutivas finais de complexos graníticos. Esses maciços encontram-se metassomatizados. Existe um claro controlo litológico das mineralizações, nomeadamente por rochas carbonatadas. Observam-se diversas etapas de mineralização e o crisoberilo surge sempre acompanhado pela fluorite de cor violeta muito escura (aspecto frequentemente correlacionado com um enriquecimento em tório e/ou urânio), massiva ou com bandado fino, com aspecto celular.
Estes depósitos são de grandes dimensões, mas a mineralização encontra-se dispersa e globalmente o teor em Be é baixo, o que lhes confere uma fraca apetência económica. Estes escarnitos são constituídos essencialmente por granada, vesuvianite e diópsido e apresentam também enriquecimento em B e F.
As propriedades deste mineral conferem-lhe grande resistência aos fenómenos
de meteorização, nomeadamente a elevada dureza, fraca clivagem e estabilidade
química, daí que seja frequente encontrar este mineral em depósitos residuais
ou aluvionares (depósitos de concentração mecânica), sob a forma clástica ligeiramente
arredondada , na dependência mais ou menos próxima dos jazigos primários. Nestas condições encontra-se associado frequentemente ao berilo (esmeraldas) e coríndo (rubis e safiras).
Moscovite, biotite, berilo, coríndo, fenacite, espinelas, granadas, apatite, turmalina, feldspatos, quartzo.
Fig. 4 – Placer – depósito de concentração mecânica.
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