Publicado em 28/10/2008
A platina não desempenha nenhuma função biológica conhecida, embora se verifique que a sua concentração nos músculos de mamíferos é de cerca de 0,2 ppb.
Muitas pessoas que entram em contacto regular com compostos de platina, mas não com a platina na sua forma metálica, sofrem reacções alérgicas com sintomas que são idênticos aos da asma ou de uma constipação.
Em 1962, o professor Barnett Rosenberg (Universidade do Estado de Michigan)
estudava em laboratório o crescimento e divisão celular da bactéria
Eschericchia coli. A experiência consistia na aplicação
de um campo eléctrico à cultura utilizando eléctrodos
de platina que, sendo de um material
muito pouco reactivo, teria poucas possibilidades de influenciar
os resultados experimentais. No decorrer das suas experiências, Rosenberg
verificou que as células não se dividiam. O que descobriu, passados
3 anos de investigação, foi que a platina (supostamente inerte)
dos eléctrodos estava a reagir com a amónia e iões de
cloro no meio. Esta reacção formava o composto cis-diaminodicloroplatina – que
passou a ser vulgarmente designado por cis-platina – cuja fórmula
química é PtCl2(NH3)2 . Este composto
inibia a divisão celular mas não matava as células. Reconhecendo-se
o seu potencial no tratamento do cancro, doença que se caracteriza por
uma divisão celular invulgarmente acelerada, no inicio dos anos setenta
começaram os ensaios clínicos e em 1978 a cis-platina foi aprovada
para ser utilizada no tratamento de pacientes com cancro. Posteriormente outros
medicamentos à base de platina foram desenvolvidos para o mesmo efeito.
De acordo com a informação actualmente existente, estes compostos ligam-se a moléculas de DNA nos locais onde ela apresente duas bases de guanina seguidas. O efeito é a deformação da molécula de DNA de tal forma que esta não pode ser copiada para efeitos de divisão celular. Naturalmente o resultado ocorre também nas células não cancerígenas despoletando assim em fortes efeitos secundários (como aliás acontece com outros medicamentos utilizados em quimioterapia). A busca por novos compostos de platina com a mesma capacidade de redução da divisão celular tem permitido encontrar alternativas que reduzem estes efeitos secundários.
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