Publicado em 07/04/2008
Apesar do número crescente de genomas sequenciados e anotados, o papel preciso dos prováveis factores de virulência, codificados nesses genomas e identificados em estudos in silico, permanece, muitas vezes, por esclarecer. Este é o caso das bactérias do complexo Burkholderia cepacia. O recurso a modelos de infecção, tem assim permitido elucidar alguns destes mecanismos. O esclarecimento dos mecanismos moleculares de virulência de bactérias do complexo Burkholderia cepacia usando o rato (Mus musculus) como modelo de infecção permitiu já determinar que o EPS Cepaciano actua como um determinante de virulência.
O desafio de aprendizagem neste tópico envolve os seguintes objectivos:
Os seguintes conhecimentos são essenciais para a compreensão deste tópico
Por forma a melhor compreender o papel do EPS Cepaciano na virulência
de bactérias do BCC, recorreu-se ao rato X-CGD como modelo de infecção
para comparar a virulência do mutante B.
cepacia IST408-SS1 (que
apresenta uma interrupção no gene bceF que codifica
uma tirosina autocinase) não produtor do exopolissacárido Cepaciano,
com a estirpe selvagem B. cepacia IST408 (Sousa et
al., 2007).
Após 12 dias de infecção, os animais infectados com a estirpe mutante não apresentavam quaisquer sintomas de morbilidade, contrariamente aos ratos infectados com a estirpe selvagem. O número de células viáveis nos pulmões dos animais infectados com a estirpe mutante era muito inferior ao número de células viáveis presentes nos pulmões dos animais infectados com a estirpe selvagem (ver figura 1).
Fig. 1 – Número de UFCs da estirpe selvagem e da estirpe mutante encontrados no pulmão dos ratos, 6 dias após infecção.
A análise histológica dos pulmões dos ratos infectados com a estirpe mutante revelou um aspecto tecidular normal, sem qualquer inflamação. No entanto, os pulmões dos ratos infectados com a estirpe selvagem apresentavam granulomas localizados.
A análise, por técnicas de imunofluorescência, de cortes histológicos do pulmão de ratos infectados com a estirpe selvagem B. cepacia IST408, revelou que as bactérias estavam localizadas nas regiões dos granulomas (ver figura 2).
Fig. 2 – Determinação da localização das bactérias no pulmão de rato por recurso a técnicas de imunofluorescência.
Em conjunto, estes resultados indicam que a estirpe mutante não produtora
de Cepaciano é menos virulenta que a estirpe selvagem em ratos X-CGD,
sendo mais susceptível aos
mecanismos
de defesa não oxidativos
do pulmão, indicando
que o exopolissacárido Cepaciano
desempenha um papel na virulência das bactérias do BCC.
Mus musculus
Fibrose Quística
Burkholderia cenocepacia
Factores de virulência
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