Publicado em 04/05/2004
Na sua maior parte, os sistemas físicos podem ser considerados como tendo massa constante. Em alguns casos tal não é verdade como, por exemplo, para um foguete (ou um avião) a jacto. Estes aparelhos funcionam com base no mesmo princípio e são um óptimo exemplo da conservação da quantidade de movimento.
Um foguete é um projéctil que, em vez de sofrer um impulso provocado pela alta pressão dos gases dentro do cano de arma, como é o caso da bala e da carabina presentes no exemplo do tópico sobre Massa e Quantidade de Movimento, sofre uma força contínua devido à descarga de gases produzidos na câmara de combustão no seu interior. A massa do sistema é variável, pois o combustível inicial do foguete é ejectado gradualmente durante o voo.
Suponhamos um foguete com
velocidade
em
relação ao solo. Se o combustível é queimado a uma razão
de R = |dm/dt |, então a massa do foguete no instante t é:
em que mo é a massa inicial do foguete (combustível incluído). A quantidade de movimento do sistema, no instante t é:
Posteriormente , no instante t + dt, o foguete expeliu uma quantidade de combustível Rdt. Se a velocidade de escape do jacto em relação ao foguete é
a sua velocidade em relação ao solo é
. Agora o foguete terá massa m-Rdt e velocidade
. A quantidade de movimento será:
em que o primeiro termo corresponde ao foguete e o segundo aos gases do jacto . Simplificando a equação anterior, e desprezando os termos em
(porque são muito pequenos em comparação com os outros) obtemos:
isto é,
A equação do movimento que se obtém através da 2ª lei de Newton para qualquer sistema de massa variável é então:
em que é a resultante das forças exteriores, equivalentes à variação
da quantidade de movimento.
Uma vez que estamos a falar de foguetes (ou aviões) a jacto, nos quais a única
força aplicada é a da gravidade, podemos transformar a equação anterior em:
Resolve-se esta equação integrando os dois lados em ordem ao tempo:
e, sabendo que o tempo de queima, i.e., o tempo que leva a queimar todo o combustível, é:
em que mf é a massa final do foguete, temos que:
e, substituindo, obtemos finalmente a equação:
Portanto, um foguete com massa inicial mo e massa final
(massa
após
o combustível ter sido todo consumido mf , atinge a
velocidade
ao
fim do tempo tq.
Em conclusão, podemos generalizar:
Qualquer sistema de massa variável obedece a estas relações.
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